on sexta-feira, 24 de abril de 2020
Eu durmo com a porta fechada. Eu passo a trinca duas vezes! Tudo isso por causa daquele pinga pinga. Ele começou quando me mudei e nunca parou. Não adianta. Nada parece querer segurar a água que escorre sem parar pelo chuveiro do banheiro do meio. Eu confesso, me dá arrepios aquele "ping....ping..." da gotícula de água caindo em algo que já está molhado. Ok. Vou fechar o registro de água. O registro fica em uma caixa na parede, em cima do meu tanque. Quando abri a caixa, encontro um buraco que aparentemente conecta todos os andares do prédio. Onde isso vai dar? Será que alguém passa por ali? E se eu tentar falar com alguém? Eu não sei se você já assistiu Parasita, mas e se alguém morar lá no fundo daquele grande buraco por onde passa meu cano de água? Eu escuto barulhos. Parece algo sorrateiro. Rápido. Eu paraliso. Mãos enormes, marrom esverdeadas e com unhas longas seguram pela borda da caixa de água. Dou um passo para trás. Dois olhos amarelos começam a aparecer e me encaram profundamente. Escuto uma respiração pesada. Meu coração acelera e penso em tudo que vivi em 23 anos. Mãe, eu ainda nem te dei orgulho!! Eu deveria correr? Meu apartamento tem só 50 metros quadrados. Eu nem consigo pular! Tem rede em todas as janelas. Eu vou morrer. É isso... Eu pisco meus olhos. O registro amarelo me encara como quem diz "e aí dona, vai me fechar ou não vai?". Eu fecho o registro. Tampo a caixa. Corro para o meu quarto. Desde então eu durmo com a porta fechada. Eu passo a trinca duas vezes!!

Súbita distração

on domingo, 9 de junho de 2013

Abri a carteira, pequei dois reais e paguei o pão de queijo. Larguei o troco em cima da mesa e sai, distraída, pelas ruas. Quando se anda sem rumo é mais fácil perceber as expressões, as conversas alheias. Tantos discutindo trabalho, poucos discutindo a relação, uma quantidade demasiada de pessoas preocupadas, assim como eu, com a vida alheia - o comportamento de fulana, suas novas roupas, manias, seus novos posts nas redes sociais.
Mas, passou ao meu lado uma senhora, que olhava e observava como eu as pessoas que por ela passavam, e neste momento senti que não era a única, que existem outros, outras, que passam pelos locais e guardam memórias de cada rua, cada esquina, cada rosto, que lembram sem pestanejar de um cheiro ou olhar.
Foi neste momento que vi, que existem outros que não veem sentido em algumas ações, que não compreendem algumas atitudes do ser humano, outros que não são egoístas como aqueles que esbarram em alguém sem ao menos se desculpar, que caminham pelas ruas com viseiras para não enxergar o que se passa em sua proximidade, que coloca os fones de ouvido para não escutar as vozes de quem não conhece.
Tantos outros que assim como eu perceberam a vida nas simples coisas, que deixaram de valorizar aquilo que é comum, para viver de forma diferente.
E no meio de tantos pensamentos vi uma luz vermelha se acender, e é, acho que é melhor voltar a insignificância de não observar o outro, antes que eu acabe atravessando um sinaleiro,
E assim guardei a carteira e segui por entre as ruas com o fone de ouvido, sendo aquilo que há minutos antes havia criticado.

Opinião #2

on domingo, 18 de novembro de 2012
Revogando o destino
Se existe algo que precisa ser prezado em uma vida com um tempo limitado é a organização. Não a simples limpeza e ordem dos objetos da casa, quarto ou sala, banheiro ou cozinha, e sim e organização e a padronização de uma rotina constante, irrevogável, coisa que - e isso pode ser entendido como uma confissão - muitas pessoas não conseguem fazer.
Começar uma atividade e terminá-la, mesmo que esta não a agrade, antes de começar outra. Persistir na mesma opção que foi tomada para o dia, seja ela arrumar sua casa, tirar uma música no instrumento que você toca ou realizar um trabalho escolar ou profissional. Este é, sem dúvida, o maior problema das pessoas.
Sem mencionar os momentos em que jogam roupas no guarda roupa sem dobrá-las, entram com o calçado sujo em casa e o largam ao lado da cama, são dominados pela preguiça e não organizam aquela pequena coisa que haviam prometido a si mesmos e preferem assistir a seção da tarde ou a novela. E há quem diga que não vê novela. Que seja substituída por um  filme, série, musical, vídeo, clipe musical, dentre outros.
O pior de tudo é negarmos isso a nós mesmos, e adiarmos a nossa organização. Adiar a adiação daquilo que já foi adiado é ainda pior, e ainda mais comum.
Adiar um relacionamento. Adiar um encontro. Adiar a ordem de lavar a louça. Adiar a necessidade de lavar a louça. Adiar o banho. Adiar as compras. Adiar os pagamentos. Adiar as dívidas. Adiar os problemas. Fugir dos problemas.
Ora ora... fugimos de nosso próprio destino.

Conto #4

on sábado, 27 de outubro de 2012
Folhas verdes e uma carta reveladora
Folhas verdes espalhadas pela minha mesa. Não que eu não tivesse outras folhas, mas foram as primeiras que encontrei e eu precisava muito escrever aquela carta.
Passei os últimos meses tentando entender se minhas ações foram certas ou erradas, se soube te amar da maneira que você mereceu e se minhas críticas haviam, de certa maneira, sido construtivas para você, mas cheguei a conclusão de que, em meio a tantos compromissos e uma vida corrida, eu havia esquecido de te amar como deveria e passado a te criticar para substituir esse amor.
Foi aí que sonhei. Sonhei a noite inteira um sonho longo, onde eu te perdia de maneiras diferentes, onde sua presença me fazia falta, onde por alguns minutos eu chorava uma quantidade que eu pensava não ser possível. Quando acordei estava coberta por lágrimas e tais me fizeram sentir que o sentimento era verdadeiro e que eu precisava me desculpar antes que eu perdesse essa oportunidade.
Acordei, liguei a pequena luz de minha mesa de estudos e abri a gaveta. Haviam somente aquelas folhas sulfites verdes que eu utilizo de rascunho disponíveis, e foi nelas que comecei a escrever o que sinto por você.
Em um resumo das palavras eu diria que o texto girou em torno de algo como: "Peço perdão por te fazer sofrer por decisões mal pensadas e um amor pouco correspondido, mas que é, e eu juro, verdadeiro".
Sim, eu te amo, espero me ver no futuro com você, mas só posso lhe contar isso com palavras escritas, já que, apesar de parecer muito boa em eventos públicos como oradora, tenho receio de fazer declarações por meio de palavras, de deixar minhas lágrimas me consumirem em público.
Já fui considerada chorona e muito sensível, mas preciso deixar isto passar, e fazer estas emoções fluírem desta maneira foi o meio mais seguro que encontrei.
Saí as pressas, morávamos longe mas eu fui, de madrugada, até sua casa e vi. Vi todo aquele fogo se espalhando e todos dormindo lá dentro. Vi você indo embora.
Eu corri, corri com todas as minhas forças, abri o portão de sua casa com a chave que tinha, empurrei a porta podre em chamas e entrei em sua casa, sem saber se morreria ou não.
Você estava inconsciente e eu te arrastei pelas chamas. Me queimei nas pernas, nos braços, minha roupa ardia ao se derreter pelo meu corpo, mas eu precisava te salvar. Ninguém estava ajudando e eu estava te perdendo.
Te larguei na calçada e fui ajudar seus pais, o fogo estava consumindo tudo mas eles estavam a salvo. Conseguiram sair. Sua irmã estava presa e arrastei-a comigo para a rua.
Eu estava com dores por todo o corpo, não sabia de onde minhas forças haviam saído.
Rastejei até o portão e te vi de pé, salvo. Foi quando vi que havia cumprido minha tarefa. Eu havia o salvado.
Eu não sabia o que pensar, só imaginava na carta que havia lhe escrito e tirei-a do bolso. Quando a entreguei a ele tudo se apagou, mas eu soube que, se algo acontecesse comigo ele saberia que minhas intenções foram sempre as melhores e que ninguém no mundo poderia substituir sua presença ao meu lado. Eu o amava.

Historinha #3

As coisas pararam de fazer sentido quando percebi que estava querendo atribuir um objetivo para cada uma delas. No final das contas acabei me perdendo em meio as dúvidas como achei que jamais iria.
Neguei até o fim dos tempos que pudesse me tornar tão diferente, mas o tempo passa e não controlamos as decisões da vida.
Escrevo alguns desabafos pessoais e isso me ajuda a criar uma linha de raciocínio para mim mesma, como se uma conversa louca entre eu e eu mesma pudesse ser a solução dos problemas. Afinal, tenho muitos amigos mas sou solitária, gosto de ser assim, de me auto criticar, de mudar porque quero, de ser feliz sendo eu ou simplesmente achando que posso ser feliz porque sou feliz.
Talvez deste modo eu possa ser uma fonte interminável de sentimentos e, em algum momento da vida, não me sinta tão sozinha quando não possuir mais ninguém ao meu lado.

(?) #2

on domingo, 21 de outubro de 2012
Prosa sem virgula, linguagem corrida, pouco sentido, nada com nexo, rimas soltas, não preciso usar ponto, esse texto não tem fim

Historinhas #2

on sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Há uma sublime falta de conexão entre os meus pensamentos no momento. Quando evito os mais lógicos raciocínios acabo caindo em um emocional sem fim, o que acaba sendo pior do que gastar meu tempo imaginando algo matematicamente possível. 
Quando o conflito entre a sua mente racional e o seu emocional se torna forte não há o que fazer além de esperar. Esperar os dias determinarem o que seu corpo, como um todo, decidiu, afinal, não há como ignorar alguma parte do seu ser se é exatamente o contrário que você está tentando fazer.
Não digo que a vida é difícil, muito pelo contrário, mas acredito que estes dias sejam complicados, tanto pelo aumento do cansaço quanto pela instabilidade emocional que afeta o desenrolar de todas as outras obrigações diárias.
A distração vem sutil, paralisa nossos movimentos e se canaliza através de qualquer pensamento. 
Por um lado estas semanas de reflexão servem para pensarmos mais em nós mesmos, mas elas acabam revelando pontos de nossa vida que por meses, quem sabe anos, tentamos ignorar, e antecipa decisões que poderiam, as vezes com esforço, serem adiadas, revela sentimentos que escondemos em nosso interior.
Mas liberar as tensões desta maneira é sem dúvida a melhor forma, só não tenho certeza se é a mais fácil de todas.
Complicado é colocar em ordem tudo que foi posto para fora e retomar os passos anteriores no mesmo ritmo,  escondendo novamente as coisas que não relevamos, e dizer um suave adeus à sua luta interior.
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